Vamos sacrificar o Wendy!

 

 

Vamos sacrificar o Wendy!

– Alô, eu poderia falar com a sra. Irenil, por favor?

– Sou eu mesma. Quem fala?

– Meu nome é Mario, sou adestrador de cães. Recebi a informação de que seu cachorro está criando problemas graves, através de um funcionário da clínica onde a sra. o levou hoje. Estou ligando para ver se posso ajudar.

– Sim meu cachorro está completamente descontrolado. Já atacou várias pessoas, além de mim mesma e os meus filhos, mas infelizmente acho que você não poderá ajudar, de qualquer forma obrigada.

– Espere. Porque a senhora acha que não?

– Porque eu já venho vivendo esse desespero há algum tempo e durante esse período 3 veterinários e 2 adestradores me informaram que dificilmente o Wendy poderia melhorar. Estou completamente sem esperanças.

– O que eles disseram a senhora?

– Os cinco profissionais afirmaram que por ele já ter 12 anos e ainda ser um Co- cker Spaniel dourado seria praticamente impossível melhorar seu comportamento.

– Sem dúvida que não é um caso tão simples, mas também não é impossível.

Nesse momento da ligação ela começou a chorar:

– Você não está entendendo! No último surto, a única coisa que conseguimos fazer, foi bater a porta da cozinha e deixá-lo preso, antes que nos atacasse. Começamos então a ouvir que ele estava quebrando tudo. Quando abrimos um pouco a porta, a cena foi assustadora… ele havia quebrado tudo o que estava ao seu alcance, com isso se cortou e estava sangrando muito. Além disso, defecou e urinou pelo chão e foi pisoteando, espalhando a sujeira por toda a cozinha, que virou um mar de fezes, urina, cacos de vidro e sangue. Assim que percebeu que estávamos olhando, partiu furioso em nossa direção e tivemos que bater rapidamente a porta. Então ele começou a arranhá-la com tanta intensidade que tivemos medo que conseguisse quebrá-la e fugir da cozinha. Graças a Deus isso não aconteceu, mas sei que meu cachorro é uma ameaça para minha família, vizinhos e todos que se aproximarem dele. Não posso esperar um acidente maior acontecer. Já decidimos, vamos sacrificar o Wendy!

– É compreensivo que a senhora esteja nervosa, mas tente se acalmar… fale um pouco mais sobre o Wendy, os momentos bons que teve com ele…

– Momentos bons? Bem até houveram alguns, mas eles sempre eram acompanhados de alguma das suas confusões. Quando menos esperávamos ele urinava pela casa. Quando saíamos para passear, avançava nos outros cães ou nas pessoas. Receber visitas com ele solto, nem pensar. Para piorar, a situação foi se agravando com o passar dos anos e atualmente não tenho mais nenhuma esperança.

– Então vamos fazer da seguinte forma: eu fico com ele durante 3 meses e tento reeducá-lo. Confesso que nunca tive uma experiência com um cão dessa idade, mas a senhora só ira me pagar caso ele apresente uma melhora visível. Tudo bem?

– Bem, talvez fosse uma boa alternativa, mas confesso que estou com medo de que ele possa ser maltratado caso ataque um de vocês aí do canil.

– Vamos combinar então que a senhora só irá me pagar caso ele demonstre além da mudança de comportamento, muita amizade por mim e pelos funcionários do canil.

– Tudo bem. Não quero sacrificá-lo sem ter tentado de tudo, mas não vou assumir qualquer acidente que ele possa causar. Ficará tudo por sua conta.

No dia seguinte fui buscá-lo e só consegui pegar o revoltado depois de dopá-lo. Ao acordar, no canil, o bicho ficou tão furioso que repetiu a confusão que tinha aprontado na cozinha e não permitia que entrássemos para limpar. O fedor foi horrível. Além disso, latiu ininterruptamente por 8 horas. Depois ficou rouco, mas continuou latindo por 30 horas. Só parou quando desmaiou. Levamos correndo para o veterinário e logo que acordou a confusão recomeçou. Confesso que pensei várias vezes em desistir, mas o que me impedia era ver que a cada dia ele se tornava menos insuportável. Ao completar os 3 meses, a Sra Irenil e sua família estavam apreensivos e vieram ao canil. O reencontro foi comovente. Todos estavam absolutamente impressionados com a melhora. Ele circulava alegremente entre os outros cães. Participava das atividades correndo atrás da bola e procurando objetos escondidos. Mas talvez a maior surpresa para a família foi quando o soltamos na rua e ele atendia prontamente quando o chamávamos.

– Ele agora pode até ficar livre… que mágica é essa?

Ao explicar todo o processo, a sra. Irenil respondeu chorando:

– Nós sempre agimos como se ele fosse uma criança. Pela primeira vez ele está sendo tratado de maneira correta. Está sendo tratado como um cachorro! Muito obrigada! Por dar a ele um final de vida mais tranqüilo. Passe meus telefones para pessoas que tenham cães em situação semelhante.

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